Fogo do Parque Nacional de Brasília atinge 3 mil hectares e se aproxima de casas
O fogo que consome o Parque Nacional de Brasília e deixou parte da capital do país tomada pela fumaça segue avançando nesta segunda-feira (16) com quatro focos ativos. O incêndio consumiu 3 mil hectares da área de proteção ambiental em quatro focos diferentes, de acordo com a Folha de S.Paulo. A Polícia Federal investiga a origem do sinistro.
Uma densa e escura coluna de fumaça pode ser vista hoje saindo do parque, também conhecido como Água Mineral. Com 146 dias sem chuvas este ano no Distrito Federal (DF), o tempo quente e seco dificulta o trabalho das equipes e facilita a propagação das chamas.
O último período em que o Distrito Federal enfrentou uma seca mais aguda foi em 1963, com 163 dias sem chuvas, informou o Instituto Nacional de Meteorologia.
Ainda de acordo com a Folha de S.Paulo, 500 agentes estão mobilizados para o combate ao incêndio, de instituições como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Corpo de Bombeiros e PrevFogo. Eles estão lutando contra as chamas com a ajuda de um avião e um helicóptero.
O incêndio começou por volta das 11h30 de domingo (15) e não há previsão de quando ele deve ser controlado.
Devido à baixa qualidade do ar nas áreas próximas do parque, a Secretaria de Educação do Distrito Federal autorizou a suspensão das aulas nas escolas. A cidade amanheceu com forte cheiro de fumaça e baixa visibilidade.
O Parque de Brasília tem 42,3 mil hectares de extensão. A maior queimada já registrada, em 2010, consumiu 15 mil hectares da área total do parque.
Três agentes da Polícia Federal (PF) estiveram no Parque de Brasília na manhã desta segunda-feira (16) para investigar a origem do fogo. Na avaliação do coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, João Morita, como não houve raios na região, a principal hipótese é de incêndio criminoso.
“A gente passou as informações da região onde começou o incêndio e eles [a Polícia Federal] foram para campo começar o processo de elaboração da perícia. Como não teve chuva nos últimos dias, não teve raio. Então, alguém, de forma proposital, fez a ignição do fogo”, disse.
Fauna e flora
Apesar de não ter relatos de morte de animais, uma vez que eles estão com espaço de fuga para conseguir sair dos locais com fogo, Morita destacou que as chamas têm causado prejuízo ao destruir as matas de galeria que protegem os cursos d’água.
“O fogo não está correndo só pela área de cerrado aberto. Ele pegou algumas matas de galeria que protegem os cursos d’água. Ele começou ali na região do córrego do Bananal, próximo da captação de água da Caesb [Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal]”, observou.
Qualidade do ar
O excesso de fumaça fez com que a Universidade de Brasília (UnB) e algumas escolas próximas do Parque Nacional de Brasília suspendessem as aulas presenciais. As torres que medem a qualidade do ar no Distrito Federal são antigas e só emitem uma medição a cada seis dias.
O presidente do Instituto Brasil Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, informou que não se sabe se as medições privadas que têm sido feitas são confiáveis. Ele acrescentou que o governo do Distrito Federal autorizou a compra de equipamentos novos. De toda forma, como prevenção, decidiu-se permitir a suspensão das aulas.
“À noite [do último domingo], a qualidade do ar estava bem ruim porque houve uma calmaria no vento e essa fumaça toda desceu, principalmente na região norte do Plano Piloto de Brasília. Mas, com o amanhecer do dia, o vento voltou a circular e dissipou bastante, melhorando a qualidade do ar”, finalizou.
Moradores afetados
O incêndio já chega perto das casas situadas nas redondezas do local. A professora Silvana Moura, que mora em uma vila militar ao lado da Floresta Nacional, conta que as chamas chegaram em volta de sua casa no início da tarde desta segunda-feira (16).
“Durante a madrugada eu senti o cheiro da queimada, mas estava muito longe, pensei que daria tempo de apagar. Ao meio dia, fui sair pra buscar minha filha no colégio e só vi a fumaça da queimada e, quando retornei, a vila estava cercada pelo fogo”, conta.
Apesar da fumaça espessa que prejudica a respiração e causa ardência nos olhos e na pele, a família decidiu não sair de casa por enquanto, por causa dos quatro cachorros. Silvana, o marido e os três filhos continuam aguardando a ação do Exército e dos brigadistas que seguem tentando apagar o fogo. Segundo ela, aviões também estão jogando água no local.
Silvana conta que essa é a pior situação já enfrentada no local. “Já teve queimadas na floresta em outros anos, mas dessa vez está pior. Eu nunca vi uma coisa tão absurda”. Segundo ela, famílias vizinhas estão deixando suas casas por causa da fumaça e do medo do avanço do fogo.
*com informações da Agência Brasil
Publicação de: Brasil de Fato – Blog