FENASCON condena chacina no Rio e defende segurança com inteligência e inclusão

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Serviços, a FENASCON, rompeu o silêncio e entrou no debate nacional sobre a megaoperação no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos nos Complexos da Penha e do Alemão, em 28 de outubro de 2025.

O presidente da entidade, Paulo Rossi, referência no mundo do trabalho e voz tradicional da luta por direitos e dignidade, afirmou que o país “precisa abandonar a política do espetáculo e da morte” e adotar uma estratégia de segurança pública baseada em inteligência, integração federativa e inclusão social.

A nota divulgada pela FENASCON repudia o massacre e reforça que o combate ao crime “não pode se limitar à lógica da força”, ecoando preocupações que juristas, especialistas e movimentos sociais expressam diante do uso político da violência.

A entidade lembra que a operação mais letal da história revela falência de modelo, alinhada à crítica de pesquisadores e de decisões do Supremo Tribunal Federal, como a ADPF das Favelas, que fixou parâmetros de legalidade, perícia e transparência para operações policiais no Rio.

Paulo Rossi, cujo trabalho à frente do setor de asseio, conservação e serviços deu projeção nacional à defesa dos trabalhadores mais invisibilizados do país, posiciona a entidade no campo da democracia e da proteção da vida.

Ele vê risco de normalização da violência como plataforma política e recorda que segurança pública não é palanque, mas política de Estado sustentada por inteligência e presença social, com escola, emprego e dignidade na base.

A posição dialoga com pesquisas recentes que mostram percepção popular de que chefes do crime estão nos bairros ricos, e não apenas nas favelas, o que desmonta a retórica simplista da “guerra ao morro” e escancara a necessidade de enfrentar finanças ilícitas, corrupção e redes de poder econômico e político associadas ao crime organizado.

Rossi defende a aprovação da PEC 18/2025, que cria o Sistema Único de Segurança Pública e obriga União, estados e municípios a agirem de forma integrada, o oposto da lógica fragmentada e espetacularizada das operações midiáticas.

A crítica implícita ao governador Cláudio Castro (PL), que se opõe à proposta, aponta para um choque de concepção: planejamento e inteligência versus militarização política do tema.

A nota vai além e pede que facções sejam tratadas com rigor, inclusive com enquadramento legal equivalente ao de grupos terroristas, mas sempre com controle judicial, investigação qualificada, rastreamento de fluxos financeiros ilícitos e respeito aos direitos humanos.

O foco, diz a Federação, deve ser asfixiar o caixa do crime, e não multiplicar cadáveres.

Para a FENASCON, segurança começa na escola, no emprego e na dignidade.

O movimento sindical reforça que políticas públicas consistentes previnem violência mais do que blindados, lembrando também campanhas recentes da entidade contra a explosão de apostas online e o endividamento que corrói orçamentos de famílias trabalhadoras.

No pano de fundo, está a disputa por qual país emergirá do trauma: um Brasil que normaliza chacinas ou um Estado democrático capaz de garantir vida e futuro aos jovens das periferias.

A seguir, a íntegra da nota oficial:


Nota oficial da FENASCON

FENASCON repudia tragédia no Rio e cobra políticas de segurança baseadas em inteligência e inclusão

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Prestação de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo, Prestação de Serviços de Colocação e Administração de Mão de Obra e Temporários, Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Áreas Verdes (FENASCON) manifesta sua profunda indignação diante da tragédia ocorrida em 28 de outubro de 2025, nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, episódio que expõe, mais uma vez, a urgência de se repensar o modelo de segurança pública no país.

O enfrentamento ao crime é dever do Estado, mas não pode se limitar à lógica da força. É preciso inteligência, coordenação e presença social do poder público. Por isso, a FENASCON considera urgente a aprovação da PEC 18/2025, que cria o Sistema Único de Segurança Pública e garante integração entre União, estados e municípios. Causa preocupação o fato de o governador Cláudio Castro (PL) ter se posicionado contra a proposta, que justamente busca planejamento e eficiência no enfrentamento da violência.

A Federação defende que as facções criminosas sejam tratadas com o rigor reservado a grupos terroristas, dada sua capacidade de impor medo, ocupar territórios e desestruturar comunidades. O combate à violência deve se concentrar em asfixiar os recursos financeiros dessas organizações, com ações de investigação, controle e rastreamento de fluxos ilícitos, sempre dentro da legalidade e do respeito aos direitos humanos.

A FENASCON reitera que a segurança pública começa pela escola, pelo trabalho e pela dignidade. Investir em educação, cultura e oportunidades é a forma mais eficaz de afastar jovens do ciclo da violência e restaurar o tecido social. Nesse mesmo espírito de prevenção, o movimento sindical tem promovido campanhas de conscientização social, como a que alerta para os riscos das apostas esportivas online (BETS) e o endividamento que afeta milhares de famílias trabalhadoras.

O país precisa de políticas baseadas em planejamento, inteligência e inclusão, não em tragédias que se repetem. A FENASCON reafirma seu compromisso com a vida, a justiça social e a democracia, porque sem respeito à vida, não há segurança, nem futuro.

Paulo Rossi
Presidente da FENASCON

Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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