Direita racha e isola Cristina Graeml no Paraná

A manifestação de 7 de setembro em Curitiba, que pedia anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), escancarou o racha na direita paranaense. A jornalista Cristina Graeml, até então alçada como “conservadora raiz”, foi hostilizada após promover Vanderley Luxemburgo, identificado como “lulista” e “petista”, como candidato ao Senado pelo Podemos no Tocantins.

Deixada fora do palanque principal, Graeml circulou ao lado de um boneco gigante do Supremo Tribunal Federal. Mas isso não a blindou dos ataques nas redes. “Eu gostaria de saber sobre o vídeo onde vc Cristina apoia um petista. Dê uma explicação aos seus admiradores como eu”, cobrou um seguidor.

Na véspera, a jornalista já havia se justificado. Disse que um perfil ligado ao PL espalhara “fake news” sobre sua presença em um almoço na casa do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Lá, Luxemburgo, ex-técnico da seleção brasileira, foi apresentado a parlamentares e dirigentes do Podemos. “A quem, como eu, é direita raiz, e não tolera mentiras, peço que compartilhem meu esclarecimento”, defendeu-se Graeml. O vereador curitibano Olimpio Mundo Polarizado (PL) alimentou a polêmica ao acusá-la de reincidência em fotos ao lado de nomes do PT.

Olimpio revelou que ex-candidata à Prefeitura de Curitiba tem parcerias com ex-filiados e dirigentes do PT e do PCdoB, dentre outras tretas [abaixo o vídeo].

De camisa vermelha, em setembro de 2022, Luxemburgo publicou vídeo em dizendo que a chapa Lula e Alckmin era o melhor para o país. “Vamos ter um Brasil bem melhor. É o Brasil contra o sociopata”, falou na época, sem mencionar o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O episódio, porém, tem pano de fundo eleitoral. Na prática, Bolsonaro já decidiu que o primeiro nome do PL para o Senado pelo Paraná será o deputado Filipe Barros (PL-PR), anúncio feito em abril, em Curitiba, durante visita ao governador Ratinho Júnior (PSD). Ratinho, por sua vez, pode disputar a segunda vaga caso não se projete ao Planalto.

Além disso, Graeml enfrenta outro obstáculo interno: o ex-senador Alvaro Dias (Podemos) também se coloca como pré-candidato e aparece polarizado com Ratinho em pesquisas recentes. O desgaste da jornalista, portanto, soma-se às fissuras de um campo político que disputa palanque e espaço na mesma trincheira.

Enquanto isso, Filipe Barros reforçou seu alinhamento bolsonarista em discurso no Centro Cívico, em Curitiba, no feriado da Independência. Citou Nossa Senhora da Salette, invocou Sepé Tiaraju e reiterou: “Essa terra tem dono. E o dono dessa terra é o povo brasileiro. Queremos liberdade e anistia”.

A exclusão de Graeml do palco central e a pressão digital indicam que parte da direita paranaense quer expurgá-la, abrindo caminho para Barros e reforçando a linha dura do PL no estado. O Podemos, por sua vez, vive um dilema: acomodar ou não sua candidatura num cenário cada vez mais fechado.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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