Conselho Nacional de Direitos Humanos repudia tentativa da Confederação Israelita do Brasil de censurar Breno Altman; nota
Conselho Nacional de Direitos Humanos repudia CONIB por censura contra Breno Altman
Organismo vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos aprova resolução condenando a Confederação Israelita do Brasil por seus processos contra o fundador de Opera Mundi, caracterizando essas ações como ataque à liberdade de expressão
Por Victor Farinelli, em Opera Mundi
O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) expressou, em documento intitulado “Nota em repúdio à tentativa de censura por parte da Confederação Israelita do Brasil”, condenação ao que descreveu como “tentativa de censura” contra o jornalista Breno Altman.
Na nota aprovada em 2 de fevereiro, a entidade afirma que “para tentar calar Breno Altman (e outras pessoas que expressam livremente suas opiniões), a CONIB entrou com duas ações (uma cível e outra criminal) para censurar seus comentários, retirar do ar suas postagens e impedir sua participação em lives, vídeos e manifestações sobre a questão palestina”.
“Jornalistas em todo o mundo têm denunciado os ataques, exigindo o cessar-fogo imediato. No Brasil, uma das mais potentes vozes contra os bombardeios de Israel parte do jornalista Breno Altman, de origem judaica, e feroz crítico da política sionista do atual governo israelense”, ressalta a nota.
O CNDH acrescenta que “desde que eclodiu o recente conflito entre Israel e a Palestina, com brutais bombardeios à Faixa de Gaza, que já vitimaram mais de 20 mil pessoas, entre elas milhares de crianças e mulheres, a comunidade internacional tem se atentado para o que está sendo chamado de genocídio do povo palestino, promovido pelo governo de Benjamin Netanyahu”.
O texto da entidade também lembra que “a Constituição Federal, em seu artigo 220, é categórica em afirmar a livre manifestação de expressão. Parágrafo 1º: ‘Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV’. Parágrafo 2º: ‘É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística’”.
“O CNDH vê com muita preocupação a escalada de censura a jornalistas e comunicadores e a utilização de mecanismos jurídicos para coibir a livre manifestação de opinião. A Conib tem pleno direito de se contrapor às ideias defendidas pelo jornalista Breno Altman e por outros, mas não cabe a ela ou qualquer outra pessoa ou entidade, tentar coibir a liberdade de expressão, agindo no sentido contrário à Constituição Federal brasileira”, acrescenta o documento.
Ao finalizar a nota, o CNDH ressalta que sua missão é “defender a ampla liberdade de expressão, com responsabilidade, sem censura prévia ou ameaças que se voltem contra a integridade das pessoas por conta de suas opiniões”.
“A morte de mais de uma centena de jornalistas na Faixa de Gaza, em função dos bombardeios de Israel, expressa de maneira brutal e perversa as tentativas de calar a cobertura jornalística, a livre circulação de notícias e a liberdade de opinião e expressão”, conclui o texto.
REAÇÕES
O advogado Pedro Serrano, que representa Altman em todos os casos nos quais é acusado pela CONIB, considerou a nota do CNDH “excelente”.
Para ele, o documento “deixa claro que a defesa da livre expressão não consiste em ser ou não a favor das opiniões que foram manifestadas pelo Breno Altman, e sim de defender o direito de todos nós a termos diferentes pontos de vista”.
Sobre as possíveis consequências da nota da CNDH sobre os processos movidos pela CONIB contra Altman, o defensor declarou que “pode haver reflexo indireto, porque a nota inclusive cita os artigos da Constituição Federal que zelam pelo direito à liberdade de expressão, e cabe à Justiça agir de acordo com esses artigos”.
“A nota não é uma decisão jurídica, mas uma posição política muito importante, pois mostra claramente de que lado os direitos humanos estão nesse caso”, completou Serrano.
A diretoria da CONIB e seus advogados foram procurados para analisar a decisão do CNDH, mas não deram retorno até o fechamento da matéria.
Opera Mundi informará o ponto de vista da entidade e sua assessoria jurídica assim que vierem a se manifestar.
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O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) está ligado diretamente ligado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, liderado atualmente pelo ministro Sílvio Almeida.
Em sua página na internet, o CNDH explica a sua finalidade e missão:
“É um órgão colegiado de composição paritária que tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos no Brasil através de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses direitos, previstos na Constituição Federal e em tratados e atos internacionais ratificados pelo Brasil”.
“Sua missão institucional tem como orientação os Princípios Relativos ao Status das Instituições Nacionais de Direitos Humanos (Princípio de Paris), definidas pela ONU em 1992, marcados pelo pluralismo e pela autonomia”.
Abaixo, a íntegra da nota do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH)
Reprodução da nota do CNDH sobre as ações judiciais da Conib contra Breno Altman
Publicação de: Viomundo