Ciro Nogueira quer Eduardo Bolsonaro de volta ao Brasil para 2026

A cena se passa em Nova York, mas os olhos estão voltados para Brasília. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) revelou nesta terça-feira (13) que pediu pessoalmente ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que retorne ao Brasil para disputar as eleições de 2026. A conversa ocorreu no último sábado (10), nos bastidores da chamada Semana do Brasil, que reúne autoridades e empresários brasileiros em eventos paralelos nos Estados Unidos.

Segundo Ciro, a ideia é que o “filho 03” de Jair Bolsonaro se coloque como candidato ao Senado — ou, mais ambiciosamente, à Presidência da República. “Conversei com ele e pedi para ele voltar. Para ele se candidatar, seja ao Senado ou à Presidência, ele tem que estar lá”, declarou o senador a jornalistas após um painel organizado pela Lide, em Nova York. “Ele disse que topa.”

A fala, porém, esbarra na cautela do próprio Eduardo Bolsonaro. Em resposta à Folha de S.Paulo, ele admitiu que conversaram sobre essas duas possibilidades, mas evitou o entusiasmo. “Ele tem outra visão, né. Respeito. Mas no meu entendimento eu tenho afazeres ainda aqui nos EUA. Mas pretendo retornar, só não se sabe quando.”

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Eduardo vive nos Estados Unidos desde março, quando deixou o país e se licenciou do mandato, temendo medidas judiciais do ministro Alexandre de Moraes, do STF, como o eventual confisco de seu passaporte. No exílio voluntário, o deputado trabalha para que os EUA apliquem sanções contra o magistrado, o que inclui vetar sua entrada em solo americano, revogar seu visto e até congelar eventuais contas bancárias em seu nome.

A insistência de Ciro Nogueira no retorno de Eduardo indica mais do que amizade ou solidariedade ideológica: revela a movimentação acelerada nos bastidores da direita para organizar o tabuleiro de 2026. O encontro entre os dois contou ainda com a presença do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, outro nome estratégico na montagem de uma frente conservadora.

No mesmo sábado, Ciro e Rueda participaram de uma conversa com o cantor sertanejo Gusttavo Lima, que volta e meia é ventilado como possível outsider na política nacional. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também entrou na roda e confirmou à imprensa que o artista quer se envolver com a política, mas ainda não decidiu como.

Por trás das selfies e sorrisos diplomáticos, o que se vê é um ensaio de reposicionamento do bolsonarismo. Com Jair Bolsonaro inelegível, o campo da direita radical tenta formar alternativas — Eduardo, Tarcísio, Gusttavo Lima. Cada um com sua narrativa, seu público e seu capital político em construção.

A Semana do Brasil nos EUA também serviu de vitrine para outros presidenciáveis. Em um painel promovido pelo Lide, os governadores Eduardo Leite (PSD-RS) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) reiteraram a disposição de disputar o Planalto. Ambos querem encarnar a tão falada terceira via — longe de Lula, distante de Bolsonaro.

Leite foi direto: “Decidi não me amparar nem no apoio de Bolsonaro nem do presidente Lula. Cada um está com sua estratégia”. Enquanto isso, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), embora não tenha comparecido ao evento, segue sendo uma das apostas mais fortes do bolsonarismo institucionalizado.

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O retorno de Eduardo Bolsonaro ao Brasil, sugerido por Ciro Nogueira, não é apenas um gesto político — é um aceno ao reagrupamento das forças que sobreviveram à implosão do bolsonarismo raiz. O 03 ainda hesita, com um pé no Texas e outro na retórica extremada, mas sabe que a trincheira eleitoral exige presença de corpo e voz.

Enquanto isso, os bastidores mostram uma direita que não está morta — está em reorganização. E, como toda reorganização, começa longe das câmeras, entre cafés em Manhattan e jantares estratégicos com empresários e influenciadores.

Entretanto, uma pesquisa da Futura — instituto ligado ao sistema financeiro — revelou nesta terça (13) que o presidente Lula está “vivinho da silva” no jogo de 2026. De acordo com o levantamento, 50,3% dos brasileiros avaliam o desempenho do presidente como “ótimo” ou “bom”.

Você acredita que Eduardo Bolsonaro voltará para disputar a eleição ou continuará nos EUA operando à distância? Comente, compartilhe e fortaleça o debate democrático.

Publicação de: Blog do Esmael