Campanha antecipada de Bolsonaro foi paga com dinheiro público e custou R$ 1 milhão
Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa nesta Sexta-feira Santa de um passeio de moto, apelidada “motociata” em São Paulo. É a segunda vez que o evento é organizado na cidade.
Apoiadores do presidente se reuniram de moto no entorno da Praças Campo de Bagatelle, ao lado do Sambódromo, na Zona Norte de São Paulo.
Bolsonaro chegou ao local de camionete por volta das 9h45 e parou para cumprimentar apoiadores. Ele estava acompanhado do ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Estavam presentes também o ex-secretário da Pesca, Jorge Seif, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, os deputados federal Capitão Augusto (PL) e estaduais Gil Diniz (PL) e Wellington Moura (Republicanos).
Por volta das 10h, ele colocou um capacete do tipo “coquinho”, sem viseira e sem proteção para o maxilar — o que é proibido para motociclistas e pode render multa grave —, subiu numa moto e iniciou o trajeto.
O evento partiu da Marginal Tietê, na altura do sambódromo do Anhembi, na capital, e vai até o município de Americana, no interior do estado, em um trajeto de 130 quilômetros.
A motociata passará pelas avenidas Santos Dumont, do Estado e pela Marginal Tietê, até chegar à Rodovia dos Bandeirantes, que ficará interditada no sentido interior até 15h. Os motoristas terão de usar apenas a Rodovia Anhanguera para deixar a capital paulista em direção às cidades da região.
O evento vai custar R$ 1 milhão aos cofres públicos e mobilizar 1.900 policiais militares ao longo do percurso. A Secretaria de Segurança Pública informa que a segurança é necessária “para proteger as pessoas, preservar patrimônios e garantir o direito de ir e vir, bem como o de livre participação no ato e a fluidez no trânsito”.
A Polícia Militar informou que é proibido aos participantes levar objetos que possam atentar contra a integridade física dos demais participantes do ato, da população e de policiais, como armas de fogo, armas brancas, fogos de artifício, sinalizadores e drones. Quem portar este tipo de objeto será conduzido à delegacia para registro de ocorrência.
O esquema de segurança para o evento conta com 22 Bases Comunitárias Móveis, quatro drones, quatro cães e até mesmo três helicópteros Águia.
A motociata foi batizada de Acelera para Cristo e tem entre os organizadores o empresário Jackson Vilar da Silva. É a segunda vez que Vilar organiza o evento em São Paulo com a presença de Bolsonaro.
Em junho de 2021, a motociata fez o mesmo trajeto, mas voltou ao Parque do Ibirapuera depois de chegar a Jundiaí. Na ocasião, o presidente, ministros e deputados aliados foram multados por não usar máscara, exigência segundo decreto então vigente no estado.
Vilar é empresário e já organizou protesto contra as medidas restritivas do governo de São Paulo para combater a pandemia. Foi candidato a deputado em 2018, é conhecido no meio evangélico e irmão do cantor gospel Jonar Vila.
Em seu blog, a jornalista Bela Megale informa que Jackson Vilar da Silva recebeu R$ 5.700 de auxílio emergencial do governo federal entre abril de 2020 e outubro de 2021, segundo informações do Portal da Transparência.
Jackson ainda recebia o auxílio quando se apresentou como um dos realizadores de outra motociata com Bolsonaro em São Paulo, realizada em junho do ano passado.
O governo federal gastou R$ 2,5 milhões em sete viagens nas quais o presidente Jair Bolsonaro fez passeios de motos com apoiadores, ao longo do ano passado. Os dados são dos gastos totais das viagens de Bolsonaro, e não apenas dos passeios em si. Geralmente, Bolsonaro combina as “motociatas” com algum evento oficial na cidade visitada. As informações foram apresentadas pelo gabinete pessoal de Bolsonaro via Lei de Acesso à Informação (LAI) em resposta a um pedido do GLOBO e envolvem “transporte terrestre, passagens, telefonia, diárias”. Os gastos são investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
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