Bolsonaro pede anistia para condenados do 8 de janeiro em ato no Rio

Bolsonaro diz que “não tem obsessão pelo poder” e reforça defesa de aliados presos

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu milhares de apoiadores na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (16), em um ato em defesa da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O evento aconteceu em meio à iminente análise do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado.

Visivelmente emocionado, Bolsonaro afirmou que “não tem obsessão pelo poder”, mas que “não vai sair do Brasil”. No palanque, ao lado de aliados como Tarcísio de Freitas (SP), Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC), o ex-presidente criticou duramente o governo Lula e o STF, reforçando o pedido de anistia para os manifestantes detidos.

O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), não compareceu ao evento bolsonarista, o que ampliou a narrativa entre apoiadores do ex-presidente de que ele está costeando o alambrado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A manifestação aconteceu em um momento decisivo para Bolsonaro e seus aliados. A PGR formalizou denúncia contra o ex-presidente e outras 33 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado, e o STF julgará o caso nos dias 25 e 26 de março. Até o momento, 480 pessoas já foram condenadas pelos atos de vandalismo contra os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

O ato na praia de Copacabana também serviu para medir a força política do bolsonarismo diante dos problemas jurídicos enfrentados pelo ex-presidente, que está inelegível até 2030. Entre bandeiras do Brasil e gritos de “anistia já”, apoiadores pediam a libertação dos presos e criticavam a atuação do ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro usou seu discurso para reforçar a narrativa de perseguição política. “Eu jamais poderia imaginar que teríamos refugiados brasileiros pelo mundo afora”, disse o ex-presidente, referindo-se a apoiadores que deixaram o país após os atos de 8 de janeiro.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ironizou as condenações impostas pelo STF: “O que fizeram? Usaram batom?”, em referência à cabeleireira Débora Santos, presa por vandalizar a estátua “A Justiça” em frente ao Supremo. Flávio Bolsonaro, por sua vez, atacou Moraes, chamando a pena de 17 anos para os envolvidos nos atos de “exagerada”.

Já o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, não poupou críticas ao STF e ao governo Lula. “Golpe sem armas não existe. O que temos aqui é um tribunal de exceção”, afirmou.

Com o julgamento da denúncia contra Bolsonaro se aproximando, o ato em Copacabana pode ser visto como uma tentativa de pressionar o Congresso para aprovar um projeto de anistia aos condenados pelo STF. Parlamentares do PL, como o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), já articulam um pedido de urgência para a votação da proposta.

No entanto, o cenário não é favorável. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), resiste à ideia de pautar o projeto, e lideranças do Centrão temem um confronto direto com o STF. Além disso, o próprio Tribunal já indicou que considera os atos de 8 de janeiro uma tentativa de golpe contra a democracia, o que dificulta qualquer possibilidade de anistia.

Aliados avaliam como “iminente” a prisão do ex-presidente, provavelmente ainda neste primeiro semestre.

Por outro lado, Bolsonaro segue apostando na mobilização popular para manter sua influência política. Mesmo inelegível, ele se apresenta como o grande líder da oposição a Lula e trabalha para pavimentar um possível retorno ao poder em 2030.

O ato deste domingo reforçou o apoio de Bolsonaro entre seus seguidores, mas também expôs suas fragilidades jurídicas. A anistia aos condenados de 8 de janeiro enfrenta resistência no Congresso e no STF, e a denúncia da PGR pode se tornar um novo problema para o ex-presidente.

No evento de hoje, Bolsonaro desafiou o PT dizendo que tem vários substitutos – Tarcísio de Freitas e seus familiares. “Eles não têm [candidato substituto a Lula]”, discursou o ex-presidente.

Enquanto isso, a polarização no Brasil segue em alta. O bolsonarismo mostra força nas ruas, mas a Justiça parece disposta a seguir adiante com as investigações. Resta saber se a estratégia de Bolsonaro de transformar sua defesa em um movimento político terá sucesso ou se, ao contrário, acabará aprofundando sua crise jurídica.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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