Bolsonaro passa mal em Santa Cruz e é levado a Natal
Ex-presidente sofre novo episódio de saúde em pleno Rota 22, enquanto Gleisi Hoffmann amplia oposição à PL de anistia para golpistas
O ex-presidente Jair Bolsonaro passou mal na manhã desta sexta-feira (11), em Santa Cruz (RN), durante o início da chamada “Rota 22” — caravana política do PL pelo Nordeste. Sentindo fortes dores abdominais, o ex-mandatário deu entrada no Hospital Municipal Aluízio Bezerra e foi transferido de helicóptero para Natal.
A cena mobilizou aliados, adversários e, claro, o noticiário. A aeronave foi cedida pelo governo estadual — ironicamente, comandado pela petista Fátima Bezerra. O gesto humanitário esconde simbolismos políticos.
O mal-estar, segundo auxiliares, decorre da obstrução intestinal crônica, sequela da facada sofrida em 2018. Não é a primeira vez que a condição o leva ao hospital — e, segundo fontes próximas, ele vinha ignorando os sinais há dias.
A viagem ao Rio Grande do Norte era o pontapé da ofensiva bolsonarista para manter o ex-presidente em evidência, especialmente após o revés de popularidade registrado pelo Datafolha: 52% dos brasileiros defendem sua prisão por tentativa de golpe.
O projeto Rota 22 é mais que um tour — é uma aposta. Bolsonaro busca reacender sua base no Nordeste, tradicional reduto da esquerda, e frear o avanço de Lula nas pesquisas.
Com a saúde fragilizada, surge o dilema: ele conseguirá sustentar uma campanha paralela de articulação e defesa pessoal em meio às investigações do STF?

Bolsonaro é réu pela tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, e a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, deixou claro que “o PL da Anistia e seu substitutivo visam a impunidade de Bolsonaro e dos comandantes do golpe”.
Segundo a ministra, que é responsável pela articulação política do governo Lula, os bolsonaristas manipulam a questão das penas para confundir a população e encobrir o objetivo de não pagar pelos crimes que cometeram contra a democracia.
“Ao exigir “anistia ampla, geral e irrestrita”, o réu Jair Bolsonaro deixou cair a máscara. É para deixá-lo impune, junto com os comandantes do golpe, que se prestam o projeto da anistia e seu substitutivo. É o que está escrito no texto e ele nao consegue mais esconder. Nunca foi para o pipoqueiro, o sorveteiro nem a moça do baton. É para afrontar o Judiciário que Bolsonaro quer anistia prévia, antes de ser julgado. E quer que os deputados se prestem a esse papel, jogando o país numa crise institucional”, disse Gleisi Hoffmann.
Dito isso, Rogério Marinho e Flávio Bolsonaro estavam na comitiva. O senador potiguar chegou a publicar vídeo do pai de seu colega de Senado com apoiadores antes do incidente. A agenda previa paradas em Bom Jesus, Tangará e Santa Cruz.
Flávio Bolsonaro confirmou à imprensa que o pai sentiu “fortes dores na barriga” e está sendo medicado. Rogério Marinho prestou solidariedade, enquanto adversários políticos mantiveram o silêncio — ao menos por ora.
A governadora Fátima Bezerra, do PT, determinou o uso do helicóptero da Secretaria de Segurança para a remoção. Um gesto republicano que desarmou as tensões partidárias — pelo menos temporariamente.
A facada em 2018 foi o evento definidor da candidatura Bolsonaro. Desde então, sua saúde virou um campo de batalha política e midiática. A cada internação, renovam-se tanto a comoção quanto as especulações sobre sua capacidade de articulação e liderança.
Se Bolsonaro seguir em recuperação, é possível que a caravana seja adiada — ou repaginada para um novo formato digital. Mas nos bastidores do PL, já se discute o impacto desse novo episódio em 2026.
Além da saúde, há a sombra da inelegibilidade. Mesmo que livre das urnas, Bolsonaro ainda comanda a tropa. A pergunta é: por quanto tempo mais ele conseguirá fazer isso na estrada?
Tudo sobre Bolsonaro e sua saúde
O que causou o mal-estar de Bolsonaro?
Segundo aliados, o ex-presidente sofre de obstrução intestinal, sequela da facada sofrida em 2018.
Onde Bolsonaro foi atendido?
Inicialmente no Hospital Municipal Aluízio Bezerra, em Santa Cruz (RN), e depois transferido para Natal por helicóptero.
Quem estava com Bolsonaro no momento?
Estavam presentes o senador Rogério Marinho e o ex-ministro Gilson Machado.
O que é a Rota 22?
É uma caravana política do PL pelo Brasil, focada no fortalecimento da base conservadora para as eleições de 2026.
Qual o impacto político deste episódio?
Além de acender alertas sobre sua saúde, o mal-estar reacende o debate sobre sua presença ativa no tabuleiro político.
O ex-presidente Bolsonaro quis mostrar força, mas seu corpo mostrou os limites –segundo aliados. A cena de helicóptero resgatando o líder do PL não deixa de ser um retrato simbólico do momento: a direita sem rumo e seu principal nome, vulnerável.
Fica a pergunta: quem será o novo motor da direita brasileira se Bolsonaro não conseguir seguir na estrada?
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Publicação de: Blog do Esmael