Bolsonaro e Ratinho Jr discutem 2026 no Paraná

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarca nesta sexta (4) no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, com destino certo: um almoço estratégico com o governador Ratinho Júnior (PSD), no Palácio Iguaçu, em Curitiba. A pauta oficial? “Anistia humanitária”. Mas o prato principal mesmo será 2026.

O movimento sinaliza que a direita brasileira, órfã nas urnas com Bolsonaro inelegível, tenta se reorganizar. E o nome da vez no cardápio do bolsonarismo é Ratinho Júnior, que sonha com o Planalto, mas precisa resolver algumas pendências partidárias e ideológicas.

Na reunião, além de discutir o cenário de uma “anistia ampla” para Bolsonaro e aliados, o ex-presidente quer garantir a presença do paranaense na manifestação da Avenida Paulista, no domingo (6). Um termômetro da sua força nas ruas.

Porém, a sobremesa será mais indigesta: o futuro da direita sem Bolsonaro nas urnas. Ratinho Júnior ensaia passos rumo à sucessão presidencial, mas seu partido, o PSD, ainda é mais “Lula raiz” que a própria Janja.

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, flerta com os dois lados, mas o partido comanda três ministérios no governo petista, além de cargos estratégicos. Ou seja, Ratinho pode ter que mudar de sigla se quiser embarcar na candidatura presidencial com apoio bolsonarista.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também está no páreo. Ele já reúne o apoio da Faria Lima, do agronegócio e de setores da direita mais “engomada”. Ou seja, é o oposto do estilo “jacu” de Bolsonaro, mas com força para liderar o campo conservador.

Enquanto isso, Bolsonaro quer influenciar diretamente a formação do Senado de 2026, mirando 43 cadeiras para o PL — e não abre mão de emplacar o deputado Felipe Barros (PL-PR) como senador pelo Paraná.

O impasse lembra os tempos de 2018, quando Bolsonaro venceu sem partido estruturado. Agora, a diferença é que o Supremo Tribunal Federal (STF) está no radar. Com a iminente possibilidade de prisão do ex-presidente, o tempo urge e o tabuleiro precisa ser reorganizado.

Após o almoço palaciano, a dupla Bolsonaro e Ratinho parte para Londrina, no norte do estado, onde participam da abertura da tradicional Expo Londrina, maior feira agropecuária do Sul do país. Um palco ideal para discursos, afagos e — claro — campanha disfarçada.

Bolsonaro deve pernoitar na cidade, reforçando o nome de Felipe Barros e mantendo acesa a chama do bolsonarismo no interior do Paraná.

O encontro entre Bolsonaro e Ratinho Júnior é muito mais que um almoço cordial: é um acerto de contas entre projetos de poder. O Paraná virou laboratório de uma nova direita, ainda órfã, dividida e pressionada por prazos e investigações.

Com o STF no retrovisor, Kassab indeciso, e Tarcísio ganhando tração, Ratinho Jr precisa sair de cima do muro — e rápido. Em política, como na agricultura, quem planta em solo dividido pode acabar sem colheita.

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Publicação de: Blog do Esmael