Bastidores revelam roteiro da disputa ao governo do Paraná
A disputa pelo governo do Paraná já tem roteiro esboçado nas entranhas do poder. Ratinho Júnior (PSD) segura a caneta no Palácio Iguaçu até 31 de dezembro de 2026, administra vaidades internas, observa Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) como protagonista nacional e calcula o momento de ungir um nome em junho.
Do outro lado, Sergio Moro (União-PR) acelera para viabilizar sua candidatura enquanto PT, PDT, PSOL e PSTU se organizam para entrar no ringue.
A vitória tributária de Lula (PT) na Câmara, na quarta-feira (1º), por unanimidade, mexeu com o Centrão e reordenou prioridades, irradiando efeitos sobre os estados.
Nos bastidores, Ratinho Júnior admite que sua aventura presidencial perdeu tração. Com Tarcísio consolidado como a opção da direita, o governador paranaense tende a permanecer no cargo e atuar como cabo eleitoral do paulista. Não à toa, Kassab e a Faria Lima tratam Tarcísio como “plano A” e Ratinho como “plano B”, sinal público de onde a bússola está apontada.
No campo interno, a guerra é pela sucessão. Estão no páreo o vice Darci Piana, o presidente da Alep Alexandre Curi, o secretário das Cidades Guto Silva e o secretário do Desenvolvimento Sustentável Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba. Ratinho já deu a ordem: que todos corram o trecho. O apoio oficial virá só em junho, no calor das convenções.
Greca se mexe. Trabalha pela própria viabilidade, mas aceita ser vice se Curi estiver melhor nas pesquisas. Reclamou publicamente de estar ausente em levantamentos e reafirmou em redes sociais a pré-candidatura, forçando o núcleo político do governo.

A disputa também expõe rachaduras regionais. A “República de Jandaia do Sul”, liderada por João Ortega, veta Guto Silva, expoente da “República de Pato Branco”, sob o argumento de que o grupo se afastou das bases, enriqueceu e se acomodou nos bairros nobres da capital. O atrito vale muito: no Paraná, a eleição passa por prefeitos e delegados municipais.
Do lado de fora do governo, Sergio Moro é visto no Palácio Iguaçu como o adversário a ser abatido. O senador assumiu o comando estadual do União Brasil, tenta pacificar a federação com o PP e atrair dissidentes do PSD. Mas a ofensiva tensiona a relação com o clã Ricardo Barros. Pesquisas recentes lhe dão vantagem, razão da pressão para que a cúpula nacional antecipe sua confirmação como candidato.
Enquanto isso, em Brasília, a maré virou. Após a vitória unânime da isenção do IR, Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União) passaram a priorizar chapas fortes à Câmara dos Deputados, deixando as decisões sobre governos estaduais para junho. Essa mudança atrapalha a pressa de Moro.
Na oposição, o PT avisa que “vai para cima” do Palácio Iguaçu e de ao menos uma vaga no Senado. O PDT, por sua vez, garante que Requião Filho será candidato a governador. Nos cenários internos, Ratinho aparece como favorito ao Senado, embora o governador repita que não concorrerá à Câmara Alta.
Entre cochichos de bastidor, circula ainda a tese de um “pacto tácito” entre setores do PT e o grupo de Moro para apertar a lupa sobre contratos de tecnologia e privatizações sensíveis no Paraná. Ninguém assume publicamente, mas a convergência de interesses existe.
Enquanto isso, os pré-candidatos se exibem. Greca foca em sustentabilidade, Curi intensifica o giro municipalista e Guto acelera obras urbanas. Cada qual monta sua vitrine para chegar vivo às pesquisas decisivas de junho.

O que está “decidido” nos bastidores
- Ratinho não disputa o Planalto se Tarcísio for candidato.
- O governador cumpre o mandato até o fim.
- Piana, Curi, Guto e Greca brigam pela bênção.
- O anúncio sai apenas em junho.
- Moro é o adversário a ser batido.
- O senador pressiona por antecipação, mas enfrenta Ricardo Barros.
- Lula mexeu no tabuleiro com a isenção do IR.
- PP e União priorizam chapas federais e deixam estados para convenções.
- O PT prepara chapa ao governo e ao Senado.
- PDT confirma Requião Filho.
- Greca admite ser vice de Curi.
- Greca e Guto se rejeitam.
- “República de Jandaia” veta “República de Pato Branco”.
- PT e Moro convergem na devassa de contratos celebrados por Guto Silva.
- PSOL e PSTU estudam chapas puro-sangue.
O jogo do Paraná está vivo, e nacionalizado. Ratinho administra tempo e vaidades; Moro corre contra a insegurança partidária; PT, PDT e a esquerda afiam suas lanças. Abril e junho são as curvas decisivas.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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Publicação de: Blog do Esmael