Ao vivo: Walter Delgatti diz à CPI dos atos que Bolsonaro prometeu indulto em caso de grampo contra Moraes

Hacker diz à CPI que Bolsonaro citou ‘grampo’ realizado contra Moraes e pediu que ele ‘assumisse autoria’ da invasão

Delgatti Neto também disse ter recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário. Hacker se encontrou com Bolsonaro para discutir supostas fragilidades da urna.

Por Luiz Felipe Barbiéri e Filipe Matoso, g1 — Brasília

O hacker Walter Delgatti Neto disse em depoimento à CPI dos Atos Golpistas que, em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, em 2022, ouviu que o governo já tinha conseguido grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

E que Bolsonaro teria, nesse encontro, sugerido que Delgatti Neto “assumisse a autoria” do grampo.

A conversa, ainda de acordo com o hacker, foi intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). “Ela pegou um celular que estava com ela, enviou mensagem a alguém e o presidente da República entrou em contato comigo”, disse Delgatti.

“E segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, diz o hacker.

Ainda segundo Delgatti, a ideia por trás dessa estratégia era evitar questionamentos “da esquerda” – já que, por ter hackeado autoridades ligadas à operação Lava Jato, em anos anteriores, ele gozaria de certo prestígio entre os opositores de Bolsonaro.

“Lembrando que, à época, eu era o hacker da Lava Jato, né. Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu teria assumido a ‘Vaza-Jato’, que eu fui, e eles apoiaram. Então, a ideia seria um garoto da esquerda assumir esse grampo”, relatou.

Delgatti disse ainda:

  • que o grampo, segundo ouviu de Bolsonaro, teria sido feito por estrangeiros;
  • que não chegou a acessar as conversas supostamente grampeadas, e não sabe se elas existem;
  • e que, em troca de assumir a autoria do grampo, receberia um indulto presidencial.

Delgatti ficou conhecido por ter vazado, em 2019, mensagens atribuídas ao então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, a integrantes da força-tarefa da Lava Jato e outras autoridades. Ele chegou ao Senado pouco antes das 9h.

Recentemente, o “hacker de Araraquara” voltou à mira da Polícia Federal pela invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No ofício, havia inclusive a frase “faz o L” — um dos slogans da campanha eleitoral mais recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

À época, Walter Delgatti Neto disse que o falso documento foi redigido pela deputada Carla Zambelli (PL-SP).

No total, foram aprovados 6 requerimentos para convocação do hacker — todos de autoria parlamentares da base de apoio do governo, entre eles a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Na noite desta quarta (16), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o hacker recorra ao silêncio durante o depoimento. A decisão atendeu a um pedido da defesa de Delgatti.

Delgatti afirmou que não teve acesso ao grampo, mas que aceitou o pedido de Bolsonaro de assumir a responsabilidade pelo suposto equipamento usado para monitorar Moraes.

“Ele disse que, em troca, eu teria o prometido indulto e ainda disse assim: caso alguém me prenda, eu [Bolsonaro] mando prender o juiz e deu risada”, revelou o hacker preso por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de outros tribunais.

O objetivo do ato, segundo Delgatti, era provocar alguma ação contra o ministro Alexandre de Moraes e forçar a realização de nova eleição com o chamado voto impresso, modalidade que foi negada pelo Congresso Nacional em 2021.

O hacker disse que foi procurado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com a promessa de um emprego. A parlamentar nega as acusações de ilegalidades, mas afirma aguarda acesso aos autos para se manifestar sobre todas as informações divulgadas.

CPI dos Atos Golpistas: hacker relata oferta de indulto de Bolsonaro, pedido sobre grampo e plano contra urnas

Conhecido como hacker da ‘Vaza Jato’, Walter Delgatti Neto disse à PF que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli para invadir sistemas do Judiciário.

Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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