Ângela Carrato: Vamos aceitar que o Viaduto Helena Greco mude para Olavo de Carvalho que nunca morou em BH?
Por Ângela Carrato*, especial para o Viomundo
Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, cidade marcada por problemas de toda ordem, uma vereadora fundamentalista resolveu propor um projeto de lei para mudar o nome de um viaduto.
O viaduto em questão é o Helena Greco, rebatizado há quase uma década, em homenagem a esta precursora na luta contra a ditadura militar, na defesa dos direitos humanos e pela anistia aos presos políticos.
A vereadora que quer mudar o nome do viaduto usa Deus e invoca a pátria e a família a fim de que ele passe a se chamar Olavo de Carvalho, em homenagem ao guru da família Bolsonaro, aquele negacionista que fugiu par aos Estados Unidos e morreu por lá, vítima da covid-19.
Detalhe: Olavo de Carvalho nasceu em Campinas e não há notícia de que tenha sequer morado em Belo Horizonte. Quando de sua morte, a filha mais velha pediu desculpas por “todas as maldades” que ele cometeu. Maldades inclusive com os próprios filhos.
A autora deste projeto possivelmente saiba disso, mas aposta no sucesso que possa fazer junto ao “gado”, aos idiotas e aos desinformados.
Com razão a família, os amigos e os milhares de admiradores de Helena Greco estão indignados.
Para eles, digo que não se preocupem.
A população belorizontina é sábia.
Tanto que nunca chamou o estádio de futebol “Mineirão” pelo seu nome oficial: Magalhães Pinto.
Magalhães Pinto foi um banqueiro e governador golpista de Minas Gerais nos idos de 1964. Ninguém mais se lembra dele e muito menos de quem deu seu nome ao estádio.
O viaduto seguirá sendo Helena Greco, qualquer que seja o destino do absurdo projeto.
O desprezível Olavo de Carvalho já foi enterrado pela história.
E nós, belohorizontinos, vamos aceitar que o Viaduto Helena Greco mude para Olavo de Carvalho que nunca morou em BH?
Por falar nisso, ano que vem tem eleição municipal.
Ótima oportunidade para a população belorizontina dar tchau a fundamentalistas e golpistas de todo naipe.
*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG.
Publicação de: Viomundo
