Alexandre de Moraes chuta o pau da barraca de bolsonaristas no STF
O ministro Alexandre de Moraes chutou o pau da barraca, literalmente. Na madrugada deste sábado (26), ele determinou o fechamento da Praça dos Três Poderes e autorizou o uso de força policial contra parlamentares bolsonaristas que tentavam ressuscitar acampamentos golpistas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O recado foi direto: ou desmontam por bem, ou serão presos.
Moraes não tolera repeteco de 8 de janeiro
A decisão do ministro atendeu à Procuradoria-Geral da República, que classificou os atos como afronta institucional. No despacho, Moraes proibiu qualquer tipo de estrutura num raio de 1 km do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto. A ordem abrange barracas, bandeiras, tendas, caixas de som, colchões, até cadeiras de praia.
O alvo: deputados como Hélio Lopes (PL-RJ), Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), que usaram a praça como palanque para encenar protestos contra o Supremo. A encenação, no entanto, durou pouco. A Polícia Legislativa já iniciou a remoção com base no mandado judicial.
Quem pode ser preso?
A ordem judicial prevê prisão imediata de qualquer parlamentar que se recuse a desmontar o acampamento. Segundo apurou o Blog do Esmael, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi comunicado oficialmente da decisão e teria autorizado o uso da força policial para garantir o cumprimento.
Deputados como Hélio Lopes já deixaram o local durante a madrugada. Outros, como Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, seguem mobilizados nas redes sociais, ameaçando nova ocupação no dia 1º de agosto, quando movimentos sociais também planejam protestos contra o tarifaço de Donald Trump.
Ibaneis promete prisão se houver resistência
O governador do Distrito Federal disse que tentará uma saída “pacífica”, mas avisou que não hesitará em prender os parlamentares, caso desobedeçam à ordem judicial.
“Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos”, cravou Ibaneis, deixando claro que a paciência institucional chegou ao limite.
STF e bolsonarismo: tensão crônica
O acampamento-relâmpago ocorre em meio a uma nova onda de radicalização bolsonarista, motivada pelas recentes condenações de Carla Zambelli e do senador Marcos do Val pelo próprio STF.
Ambos foram punidos por crimes graves, Zambelli por invasão ao sistema do CNJ, Marcos do Val por obstrução de Justiça. Os atos em Brasília foram interpretados como provocação direta ao Judiciário, e Moraes reagiu como de costume, com a caneta e o peso da lei.
O que está em jogo institucionalmente?
O episódio reacende o conflito entre bolsonarismo e Judiciário às vésperas das eleições de 2026. A estratégia de tensionar o STF com atos públicos e simbólicos visa transformar Alexandre de Moraes em alvo eleitoral da extrema-direita, o “inimigo do povo”, o “censor da oposição”.
Por outro lado, a postura firme do ministro busca preservar a Corte diante das ameaças golpistas que seguem pulsando, mesmo após o julgamento dos réus do 8 de janeiro.
Risco de nova radicalização
A chegada do dia 1º de agosto, quando entra em vigor a sobretaxa de 50% imposta por Trump sobre produtos brasileiros, pode catalisar protestos simultâneos, tanto da direita quanto da esquerda. O risco de confronto simbólico, e real, na Esplanada preocupa o governo federal e as forças de segurança.
2026 no horizonte: quem confronta Moraes vira pré-candidato
Nos bastidores, interlocutores de Moraes avaliam que os deputados bolsonaristas tentam se cacifar para 2026 encarnando a narrativa do “perseguido político”. A cartilha é conhecida: provocar o Judiciário, viralizar nas redes, posar de mártir e faturar votos.
Mas Moraes também faz política. Ao endurecer com os parlamentares, envia um recado ao centro democrático, o STF não se curvará a novas investidas autoritárias. O tabuleiro está posto.
Não passarão
O ministro Alexandre de Moraes foi direto ao ponto: não haverá segunda temporada de 8 de janeiro. Ao fechar a Praça dos Três Poderes e ameaçar prender deputados, ele chutou o pau da barraca literal e simbolicamente. A extrema-direita já ensaia reação, mas, desta vez, o cerco institucional parece mais sólido. O Brasil assiste, dividido, a mais um embate entre toga e farda, entre o Estado Democrático e os escombros do golpismo.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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Publicação de: Blog do Esmael