Lelê Teles: Covardias, mentiras e bravatas

Por Lelê Teles*

“pai, você foi meu herói, meu bandido”, choro de carluxo.

carluxo está se desmanchando em lágrimas, sejamos justos, o biguerréde sabe atuar.

a prisão do minotauro – metade homem, metade gado -, revelou uma verdade a este país, essa gente vive de bravatas e mentiras.

vejamos.

malafaia, o empresário da fé, disse que tinha em mãos um maço de dólares, uma bíblia velha e um vídeo bomba que abalaria a república.

como um legítimo chantagista bravateiro, mala ameaçou que soltaria o petardo caso o mito fosse preso.

cadê o vídeo?

nikolas, o guarda mirim da direita, alertou que se o ésseteéfe ousasse mandar prender o pai dos burros o país ia parar.

o diabo é que no dia da prisão do minotauro o brasil saiu às ruas em festa: era tricolor abraçando flamenguista, gremista beijando colorado, caprichoso bumbando com garantido.

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a moçada tava escovando os dentes com cachaça.

foi uma farra cívica carnavalesca e rebolante: teve bate-coxa, bate-bunda, batidão, um baticum dos diabos.

ninguém ficou parado.

e nesse furdunço todo, coisas estranhas começaram a acontecer.

o general superpoderoso, que ameaçava deus e o mundo, de repente, do nada, se lembrou que tem alzheimer!

veja que curioso.

curioso também foi ver vídeo do filho zeroum interpretando um estranho choro sem lágrimas.

como um ator de quinta categoria, depois do choro de araque, o sujeito saiu do quadro e ganiu como um cãozinho.

“caim, caim, caim…’

o que levou muita gente a se perguntar se esse cara já havia chorado alguma vez na vida, porque me parece que ele não sabe como a coisa funciona.

o zerodois fugiu pras estranjas. ladeado por um neto de ditador, do lado de fora da cerca da casabranca, os dois patetas mentem que o brasil vive sob uma ditadura.

o zerotrês anda a falar coisas desconexas e o zeroquatro, coitado, mal consegue formar uma frase, um sintagma.

o mito, que antes se apresentava como um leão imbroxável e incomível, agora se mostra um bode velho deboxável e desprezível.

dizem que passa os dias arrotando, bufando e escarrando.

como está encarcerado numa solitária, esses refluxos não vão incomodar mais ninguém.

hélio negão, o guarda costas informal, está encarregado de levar a marmita para o amigo na cadeia e lhe fazer massagem nos pés, “foot massage’, como gostava a mulher do marcellus wallace, o gângster de pulp fiction.

dudu, o camisa dez do lul4, vai ter que fazer campanha pro laranjão continuar no poder, porque assim que os ventos do norte mudarem, a interpol vai interpelá-lo.

e o maquiador de dona micheque – oh glória! -, terá que se preocupar agora somente com o valdemar das costas quentes.

mas sabe como é, se organizar direitinho todo mundo brinca.

a mentira, como diz o adágio, tem as pernas curtas, mais cedo ou mais tarde a justiça acaba por alcançá-la.

palavra da salvação.

*Lelê Teles é jornalista, roteirista e mestre em Cinema e Narrativas Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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