Hugo Souza: Sabe o que tem tarifa zero? Cortar o mal pela raiz
Sabe-se lá por qual motivo, Eduardo Bolsonaro sequer foi indiciado, muito menos virou réu por golpe de Estado, e o fio que levava a ele foi cortado, sabe-se lá por quê, pelo professor Paulo Gonet
Por Hugo Souza, no Come Ananás
Come Ananás já cansou de contar essa história cabeluda: há fortes, robustos, ostensivos indícios de que em 2022, entre o primeiro e o segundo turnos das eleições, Eduardo Bolsonaro foi à Argentina tramar com agentes estrangeiros um ataque desde o estrangeiro contra o sistema brasileiro de votação eletrônica, para o caso de vitória de Lula contra seu pai.
Com estrangeiros, do estrangeiro, para dificultar providências da Justiça brasileira.
Lula venceu a eleição para a presidência da República e o ataque veio quatro dias depois, com a transmissão, de Buenos Aires, da live Brazil Was Stolen (“O Brasil Foi Roubado”). A live foi apresentada pelo “consultor político digital” Fernando Cerimedo, argentino ligado a Eduardo que é uma espécie de postulante a Steve Bannon dos mares do sul.
Foi com Fernando Cerimedo e sua equipe que Eduardo Bolsonaro tinha passado alguns dias, lá em Buenos Aires, apenas duas semanas antes da live Brazil Was Stolen “quebrar a internet” no Brasil e impulsionar os acampamentos que começavam a pulular na frente dos quartéis, inspirando-os, insuflando-os com o slogan golpista na língua de Trump ao longo de novembro e dezembro de 2022 e até o ataque do 8 de janeiro de 2023 à Praça dos Três Poderes.

Os detalhes desse crime de lesa-pátria, cabeludos como Luiz Fux, estão na matéria “As relações exteriores de Eduardo Bolsonaro no ápice da trama golpista”, publicada no último 11 de março no Come Ananás.
Por exemplo: no inquérito do golpe, a Polícia Federal demonstrou que Fernando Cerimedo foi municiado com dados falsos sobre as urnas eletrônicas por um major da reserva do Exército Brasileiro e por um tal “gênio de Uberlândia”, civil a soldo de Valdemar Costa Neto, a soldo do PL de Jair Bolsonaro, a fim de atiçar as hordas bolsonaristas a se insurgirem contra o resultado da eleição presidencial.
Por isso, a PF indiciou Fernando Cerimedo e Valdemar Costa Neto no inquérito do golpe, mas o procurador-geral da República, o professor Paulo Gonet, preferiu não denunciar ao STF nem o argentino, nem Valdemar, cortando, no curso do processo, o fio internacional da tentativa de golpe de Estado.
Sabe-se lá por qual motivo, Eduardo Bolsonaro sequer foi indiciado, nem denunciado, muito menos foi fazer companhia ao seu velho – um velho pedófilo – no banco dos réus por tentativa de golpe de Estado. Mas o fio cortado sabe-se lá por que pelo professor Gonet dava direto no deputado federal mais votado da história do Brasil e no maior partido do Congresso Nacional, ambos conspirando com agentes estrangeiros contra as instituições do seu próprio país.
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Lembra alguma coisa? Pois é. Lembra sim. E a coisa escalou.
Sabe o que tem tarifa zero? Sabe o que seria Magnitsky, digo, magnífico e tem tarifa zero? Isto: em vez de cortar fios, cortar, no tempo certo, o mal pela raiz.
*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
Publicação de: Viomundo