Sem Bolsonaro, PSD e Tarcísio fazem jantar para discutir Planalto

Paulo Hartung filia-se ao PSD no evento pantagruélico com apoio de Ratinho, Leite e ministros de Lula

Enquanto Jair Bolsonaro (PL) enfrenta as garras da Justiça, governadores de diferentes espectros se articulam sob a liderança de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) em busca de uma alternativa viável à polarização entre bolsonarismo e lulismo nas eleições presidenciais de 2026.

Neste contexto, Paulo Hartung oficializou nesta segunda-feira (26) sua filiação ao PSD, em São Paulo, após mais de seis anos fora da cena partidária. O ato reuniu presidenciáveis, ministros de Lula e nomes influentes do centro político — um arco simbólico que revela os planos da legenda comandada por Gilberto Kassab para o próximo ciclo eleitoral.

Embora Hartung tenha descartado, por ora, pretensões eleitorais, sua reentrada na política ativa reaquece projeções para o Senado ou até mesmo para o governo do Espírito Santo.

A cerimônia de filiação atraiu as principais figuras do PSD: os governadores Ratinho Júnior (PR) e Eduardo Leite (RS), além de três ministros do governo Lula: Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Pesca). A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, também marcou presença, reforçando o avanço do partido entre quadros moderados e conservadores.

A delegação paranaense foi especialmente representativa. Além de Ratinho, participaram do convescote, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi, o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, e o secretário das Cidades, Guto Silva. A presença do núcleo duro do PSD-PR reforça a pretensão nacional da legenda e a força de articulação de Kassab — sem a presença de Bolsonaro.

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Núcleo duro do PSD-PR ao lado de Kassab e Tarcísio, sem Bolsonaro. Foto: reprodução

Discurso de unidade e crítica à polarização

Durante os discursos, Hartung e os aliados exaltaram o papel do PSD como alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. Eduardo Leite sintetizou o sentimento do grupo:

“Dar uma contribuição para superar essa polarização, para o enfrentamento dos problemas e não das pessoas.”

Ratinho Júnior reforçou a ideia de equilíbrio:

“O excesso na política também faz mal para a democracia.”

Apesar disso, o governador do Paraná mantém acenos frequentes à base bolsonarista, como sua presença na Avenida Paulista em apoio à anistia dos golpistas de 8 de janeiro. A contradição entre discurso e gesto revela a complexidade da articulação que Kassab tenta construir.

Kassab articula sucessão e define prioridades para 2026

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, reiterou que a legenda terá candidatura própria à presidência — com Ratinho Júnior ou Eduardo Leite — mas não descarta composição com Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador paulista e aliado de Bolsonaro.

Sobre Hartung, Kassab foi enfático:

“Se eu fosse capixaba, ia pedir para ele ser. Ele vai ajudar muito o PSD.”

O ex-governador, porém, desconversou. Ainda assim, a movimentação abre caminho para uma disputa direta com o atual governador Renato Casagrande (PSB), com quem Hartung já rivalizou politicamente no passado.

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Espírito Santo: cenário eleitoral ganha contornos

Com a filiação de Hartung, o xadrez eleitoral no Espírito Santo se embaralha. As duas vagas ao Senado que estarão em disputa são ocupadas por Fabiano Contarato (PT) e Marcos do Val (Podemos). Casagrande, impedido de disputar novo mandato, avalia lançar seu vice, Ricardo Ferraço (MDB), ou o prefeito Arnaldinho Borgo, ainda sem partido.

O PT aposta no deputado Hélder Salomão, enquanto o campo bolsonarista cogita nomes como Gilvan da Federal (PL) e Evair de Melo (PP), além do próprio Magno Malta, já com mandato assegurado até 2030.

PSD aposta em celebridades para alavancar votos

Aproveitando a ocasião, Kassab filiou novos nomes midiáticos em São Paulo, como o biomédico “Dr. Bactéria”, a atriz Camila Kiss, o youtuber Gabriel Brito e o funkeiro MC Gui. A estratégia reforça a busca do PSD por ampliar sua base popular e competir com o PL na captação de votos em massa.

PSD mira centro político e cenário de 2026

A filiação de Paulo Hartung ao PSD é mais do que um retorno de um nome experiente: é um movimento estratégico dentro de uma engrenagem nacional. O partido de Kassab, agora com ministros de Lula, governadores e celebridades, tenta ocupar o espaço deixado pela decomposição do PSDB e o desgaste do bolsonarismo.

Resta saber se o discurso de “superação da polarização” será compatível com as alianças necessárias para disputar o Planalto em 2026. Enquanto isso, no Espírito Santo, a disputa entre Hartung e Casagrande promete ser um dos embates mais observados do ano eleitoral.

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Publicação de: Blog do Esmael

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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