Heloísa Villela: Planos de saúde visam apenas o lucro e inviabilizam o acesso; solução está no SUS. VÍDEO
Zé Maria
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Em comunicado, o UnitedHealth Group disse que havia recebido
muitas mensagens de apoio de ‘pacientes, consumidores, profissionais
de saúde, associações, autoridades do governo e outras pessoas solidárias’.
Mas muita gente online, incluindo clientes da UnitedHealthCare [UHC]* e
usuários de outros Planos de Saúde, reagiu de forma diferente.
Essas reações variam desde piadas de humor ácido, como o uso do termo “Thoughts and Prior Authorizations” (pensamentos e autorizações prévias), uma referência à expressão de pêsames “Thoughts and Prayers” (pensamentos e orações) a comentários sobre o grande número de pedidos de atendimentos médico-farmacêuticos Rejeitados pela UnitedHealthcare
e outras Empresas de Planos de Saúde.
Os investigadores disseram que as palavras “deny”, “defend”, “depose” [**]
foram escritas nas cápsulas de bala recuperadas pela Polícia.
A imprensa americana especula que as três palavras inscritas
nos cartuchos poderiam ser uma referência ao título de um livro
do proeminente acadêmico Jay M. Feinman publicado em 2010,
“Delay Deny Defend”, cujo subtítulo é “Por que as Companhias
de Seguros [incluindo os Planos de Saúde] não estão pagando
Sinistros [inclusive Tratamentos] e o que pode ser feito a respeito”.
s postagens destacam a profunda frustração que muitos americanos sentem em relação às provedoras de plano de saúde e ao sistema de uma forma geral.
“O sistema é incrivelmente complicado”, diz Sara Collins, acadêmica do The Commonwealth Fund, fundação de pesquisa na área de serviços de saúde.
“O simples ato de navegar e entender como obter cobertura pode ser um desafio para as pessoas.”
“E tudo pode parecer bem até você ficar doente e precisar do seu plano”, ela acrescenta.
Uma pesquisa recente do The Commonwealth Fund constatou que 45% dos
adultos em idade ativa segurados foram cobrados por algo que, de acordo com o contrato, segundo eles, deveria ser gratuito ou coberto pelo plano
de saúde. E menos da metade dos que relataram suspeitas de erros de
cobrança os contestaram.
Além disso, 17% dos entrevistados disseram que sua provedora de plano de
saúde negou cobertura para um tratamento recomendado por seu médico.
Além de ser complexo, o sistema de saúde dos EUA é caro e, muitas vezes,
os enormes custos podem recair diretamente sobre os indivíduos.
Os preços são negociados entre os provedores e as seguradoras, diz Collins,
o que significa que o que é cobrado dos pacientes ou das seguradoras
geralmente tem pouca semelhança com os custos reais da prestação de
serviços médicos.
“Encontramos uma incidência alta de pessoas que dizem que seus custos de
saúde são inacessíveis, em todos os tipos de plano de saúde, até mesmo no
Medicaid e no Medicare (financiados pelo governo dos EUA)”, diz ela.
“As pessoas acumulam dívidas médicas
porque não conseguem pagar as faturas.
Isso é exclusivo dos Estados Unidos.
Nós realmente temos uma crise de dívida
médica.”
Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Fundação de Políticas de Saúde KFF mostrou que cerca de 2/3 (dois terços) dos americanos disseram
que as seguradoras são “muito” culpadas pelos altos custos da assistência
médica.
Christine Eibner, economista do think tank sem fins lucrativos RAND
Corporation, afirmou que, nos últimos anos, as seguradoras têm negado
cada vez mais a cobertura de tratamentos e usado ‘autorizações prévias’
para recusar a cobertura.
Ela disse que os prêmios (valores) dos planos de saúde são de cerca de
US$ 25 Mil (R$ 151 Mil ) por família.
“Além disso, as pessoas têm de arcar com custos extras, que podem
facilmente chegar a Milhares de Dólares”, afirma.
A UnitedHealthCare e outras Provedoras de Plano de Saúde enfrentam
processos judiciais, investigações da imprensa e auditorias do governo
sobre suas práticas.
No ano passado, a UnitedHealthCare fez um acordo em uma ação judicial
movida por um estudante universitário com doença crônica, cuja história
foi publicada pelo site de notícias ProPublica, que diz que ele se deparou
com US$ 800 Mil em despesas médicas quando seus medicamentos receitados pelo médico foram negados.
Atualmente, a empresa está lutando contra uma ação judicial coletiva que
alega que ela usa inteligência artificial para encerrar tratamentos
precocemente.
[Com Informações da BBC]
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Assista:
“Deny, Defend, Depose” [**]:
“UnitedHealthcare CEO Killing Highlights
Widespread Rage at Healthcare Industry”
[“Homicídio de CEO da United Health Care (UHC)
evidencia Raiva Generalizada no Setor de Saúde”]
No Democracy Now:
https://youtu.be/jyKJKUnMBY4
(Acione Legendas no Youtube)
Embora pouco se saiba sobre o motivo do assassinato,
houve uma onda de raiva nas mídias sociais direcionada
à indústria da saúde, com muitos compartilhando histórias
de pedidos de cuidados vitais negados e perda de tempo
precioso [aguardando autorizações] com entes queridos
durante a doença.
O ex-executivo da área da saúde Wendell Potter, agora um defensor
do Projeto de Reforma da Saúde nos EUA, diz que a raiva expressa agora
sempre esteve “pouco abaixo da superfície” e foi uma das razões pelas quais
ele deixou essa indústria.
“Eu não poderia, em sã consciência, continuar a apoiar
uma indústria que se colocou firmemente entre um paciente
e seu médico”, diz Potter.
“O que estamos vendo, infelizmente, de alguma forma ou maneira
provavelmente seria inevitável.”
Também falamos com Derrick Crowe do People’s Action Institute,
que administra a campanha Care Over Cost, ajudando as pessoas
a lutar contra as negativas de solicitações de uso do seguro saúde.
“Essas corporações têm muito poder neste país.
Elas estão bloqueando o progresso em questões
como violência armada e na epidemia de negações
de assistência médico-hospitalar e farmacêutica
neste país, seja por meio de imposição de autorizações
prévias ou por meio de negativas de reivindicações”,
diz Crowe.
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[*] A UHC é parte do United Health Group, que atua no mundo todo.
No Brasil, a empresa já foi proprietária da Amil, que vendeu em 2023.
Apesar da venda, o United Health Group continua operando no país
através da empresa Optum, de consultoria em saúde. (BBC)
[**] “Deny, Defend, Depose”
“Deny” = Negar (Autorização);
“Defend” = Defender (a Empresa);
“Depose” = Destituir (o Usuário do Plano).
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Publicação de: Viomundo