Ratinho Junior ignora recado das urnas e acelera privatizações
O governador Ratinho Junior (PSD) parece não ter entendido o recado dado pelo eleitorado paranaense nas eleições de outubro. O susto nas urnas, que colocou em xeque a hegemonia do PSD em Curitiba e outras cidades-chave, deveria ser um sinal claro: a insatisfação popular com políticas que privilegiam privatizações e terceirizações está crescendo. No entanto, o governador mantém o mesmo ritmo de desmontar serviços públicos essenciais, com decisões que podem repercutir negativamente nas eleições de 2026.
Na capital paranaense, o cenário eleitoral deste ano foi mais apertado do que o previsto. Apesar da força de Rafael Greca e do vice Eduardo Pimentel, ambos do PSD, o segundo turno revelou uma vulnerabilidade inesperada. A extrema direita, que segue à espreita, quase conseguiu “invadir” o Palácio 29 de Março, sede da prefeitura de Curitiba. Isso mostra que, se não fossem as características conciliadoras de Pimentel e o papel do deputado Alexandre Curi no segundo turno, a vitória teria sido ainda mais difícil. Esse resultado já é um indicativo do ressentimento crescente no eleitorado, que começa a manifestar sua insatisfação com o governo estadual.
Ratinho Junior parece ignorar que suas decisões afetam diretamente o bolso dos paranaenses. A privatização de empresas estratégicas como a Copel e a Sanepar, além da entrega de rodovias a empresas privadas, resultou em um aumento significativo no custo de vida. A conta chega para o trabalhador, que vê seu salário corroído por tarifas mais altas de energia, água e pedágios, além da precarização dos serviços públicos.
As terceirizações também têm enfraquecido o funcionalismo público, comprometendo a qualidade de áreas essenciais como saúde, educação e segurança. Enquanto isso, empresários próximos ao governo são beneficiados com contratos lucrativos, aumentando ainda mais o abismo entre as elites e a população. Vide o caso na educação, que é foco de constantes tensão e judicialização.
A insistência em conduzir reformas e privatizações em regime de urgência, sem amplo debate com a sociedade, revela um governo desconectado das demandas populares. Essa postura autoritária de “empurrar goela abaixo” projetos neoliberais pode custar caro a Ratinho Junior. Ao agir como se o descontentamento expresso nas urnas não fosse relevante, o governador corre o risco de pavimentar o caminho para a ascensão de adversários em 2026, especialmente à extrema direita.
A extrema direita, que quase alcançou o poder em Curitiba, está de olho no desgaste político de Ratinho Junior. A insatisfação popular, somada à inflação crescente e à precarização dos serviços públicos, pode ser a fagulha necessária para reacender movimentos conservadores mais radicais no estado. Nas eleições municipais de 2024, as dificuldades enfrentadas pelo PSD em Curitiba podem se repetir nas eleições de 2026, abrindo brechas para a oposição.
Se Ratinho Junior não ajustar o rumo, ouvindo as vozes que ecoaram das urnas, corre o risco de transformar o ressentimento popular em uma força eleitoral imbatível contra seu grupo político. Para evitar isso, é urgente que o governador revise sua estratégia, interrompa o desmonte dos serviços públicos e construa políticas voltadas para o povo, e não apenas para os interesses empresariais.
O recado está dado. Resta saber se o governador terá a sensibilidade política de entender que as urnas não apenas contam votos, mas também medem o pulso da sociedade.
Publicação de: Blog do Esmael