PF pede ao STF quebra dos sigilos fiscal e bancário de Bolsonaro por venda ilegal de joias

Da Redação*

Nessa sexta-feira, 11/08, a Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL/RJ).

O pedido foi após a PF fazer busca e apreensão em endereços de nomes ligados a Bolsonaro.

Entre os alvos da operação, três militares:

— tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro  

— general do Exército  da reserva Mauro César Lourena Cid e pai  de Mauro Cid

— segundo-tenente do Exército Osmar Crivelatti, braço direito de Mauro Cid

O advogado Frederick Wassef, que já defendeu Bolsonaro e familiares, também foi alvo da operação da PF.

Eles são suspeitos de vender ilegalmente no exterior joias e presentes recebidos por Bolsonaro no exercício da Presidência. Valor de transações pode ter superado R$ 1 milhão.

Em nota, a PF afirmou que todos são suspeitos de “desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”.

A diligência é um desdobramento do inquérito do STF sobre a atuação de milícias digitais.

Segundo a PF, as joias foram levadas para o exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB.

O pedido da PF para a quebra de sigilos de Bolsonaro visa saber se o dinheiro das joias foi enviado para o ex-presidente e se a verba para a recompra das joias partiu dele. 

A PF suspeita que Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor ofertados à Presidência. Pela lei, presentes recebidos por presidentes devem ser incorporados ao acervo do Estado.

A PF diz que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro vivo e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.

DINHEIRO PARA BOLSONARO

Um único áudio obtido pela PF na investigação mostra o ex-ajudante de ordens Mauro Cid tratando de três temas que comprometem os investigados:

— citação a US$ 25 mil supostamente endereçados ao ex-presidente Jair Bolsonaro;

— tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019;

–negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas.

Segundo o inquérito, a mensagem foi enviada por Mauro Cid ao assessor especial de Jair Bolsonaro Marcelo Câmara.

No áudio, Mauro Cid afirma que o pai estaria com 25 mil dólares – “possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”, segundo a PF.

Mauro Cid também indica, dizem os investigadores, medo de usar o sistema bancário para entregar o dinheiro ao ex-presidente da República. E uma preferência por fazer a entrega em dinheiro vivo, ou “em cash”.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”, diz Cid no áudio.

Os mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nessa sexta-feira foram autorizados pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Relatório da PF subsidiou a decisão do ministro:

[Esses diálogos] evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desvio do acervo privado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior.

*Com informações do g1 e UOL

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Publicação de: Viomundo

Lunes Senes

Colaborador Convidado

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